Peço paciência aos caros leitores, mas tentarei discorrer simplificando o que me parece, apesar de tudo, complexo.
Está provado cientificamente(1) que os tunos primevos tocavam umas modinhas para saciar parte das suas necessidades. Necessidade de amor, de comes e bebes, de guitarradas e de subsídios para os transportes (o passe escolar da altura), entre outras.
Eis que surge o tema de hoje: carcanhol, pastel, pasta, cobres, trocos, pilim, bago, bagalhuço, cheta ou quaisquer outros sinónimos para pôr ao bolso.
Se aos nossos antepassados era lícito embolsar individualmente uma quantia repartida de uma actuação colectiva, tal poderá sê-lo na actualidade? Ficaríamos chocados, ou não, se víssemos um amigo bastar-se ao exercer a sua condição de tuno? E se fosse um antigo estudante a fazê-lo, seria menos lícito?
Estas cogitações já me assaltavam a mente, que não a carteira, há tempo largo. Muitos de vós dir-me-ão que as tunas já não têm existência contingencial, que já não servem para cumprir, financeiramente, esses propósitos e que, agora, são colectividades sem fins lucrativos.
Pergunto-me porque não poderão ter fins lucrativos e porque não poderão servir financeiramente para a satisfação das necessidades individuais dos seus membros. E se for a satisfação financeira plena dessas necessidades (profissionalização)?
Não tenho uma opinião claramente formada a este respeito, mas em qualquer dos extremos opinativos encontro argumentos que contrariam a memória desses nossos antepassados.
Para terminar, o que pensariam se alguém procurasse lançar uma tuna verdadeiramente profissional? Falo de uma tuna e não de um mero grupo musical travestido de bando de pinguins…
Declaração de interesses: Obviamente, não pretendo lançar qualquer tuna profissional, ou coisa parecida, tão-só reflectir sobre a problemática do $ no quadro da tuna.
(1) Esta frase fica sempre bem em qualquer conversa de tasca, mormente nesta.
Romeu Sereno